sábado, 2 de janeiro de 2010

Para sempre você - cap. 40

Eu entrei pela pequena fresta que Tom havia aberto e logo avistei a silhueta de Bill enquanto eu sentia a porta se fechar delicadamente sem fazer ruído logo atrás de mim.
Bill estava em pé de costas com um copo de água em uma das mãos e olhava atentamente uma revista sob uma mesa infestada de colares, anéis, luvas e entre diversas outras coisas que brilhavam contra o reflexo da luz.
Senti minha cabeça girar e eu perder os sentidos por um instante. Eu não conseguia acreditar. Ele estava de pé em minha frente. Eu estava perto dele novamente. Eu havia desistido de tudo apenas para poder ter-lo novamente. Apenas para poder tocar-lo mais uma vez, poder olhar em seus olhos e escutar atentamente sua voz direcionada somente para mim sem perder nenhum suspiro.
Senti a emoção tomar conta de mim tão bruscamente que me senti sufocar com a tamanha intensidade de minha lagrimas, o que me fez soltar um suspiro alto dizendo o seu nome. No mesmo instante, Bill soltou seu copo o deixando cair sobre o chão quebrando em inúmeros pedaços, enquanto seu corpo permanecia imóvel.
Eu não conseguia me movimentar nem um centímetro, eu sentia que eu ia despencar á qualquer momento, em meio de meus soluços altos.
Bill se virou lentamente e me focalizou com os olhos assustados que no mesmo instante se tornaram chorosos.
- Samy? – Sua voz ecôo pelo camarim e por um instante pareceu fazer eco dentro de mim também. Eu sentia saudade de ouvir ele me chamar, de o ouvir ele tocar o meu nome, de ouvir a sua voz.
Eu não pude dizer absolutamente nada, os soluços me dominavam, me impediam até mesmo de respirar direito. Eu pressionava a mão contra o peito tentando fazer parar, mas foi sem sucesso.
Bill atravessou o camarim em minha direção e me abraçou me envolvendo por completa enquanto seus doces lábios tocavam nos meus.
Meus soluços pararam no mesmo instante. Senti-me ressuscitar, senti a vida voltar ao meu corpo, senti que finalmente eu podia respirar novamente antes que meus pulmões se desintegrassem, senti as borboletas voltarem á voar desesperadamente em meu estomago.
Nada era comparado ao doce sabor dos lábios de Bill. E por mais que eu sentia falta de tudo nele, o que me fazia mais falta e que ficaria cravado em minha mente para sempre, era seus lábios, macios, doces e delicados.
Bill me abraçava com tanta força que parecia que queria me prender ali para sempre. E esse ‘sempre’ era o que eu mais desejava.
Minhas lagrimas quentes molhavam sem cessar meu rosto, eu estava muito feliz. Por alguns instantes eu pude pensar que jamais eu voltaria á tocar-lo, á olhar em seus olhos, á beijar-lo, mas, tudo havia sido uma vitória, eu havia conseguido.
Bill continuou com seus lábios agora beijando meu rosto e voltando a me abraçar.
- Samy, eu pensei que eu havia te perdido! Como você chegou aqui? E seus pais? – Bill estava com uma voz tremula e aliviada.
- Nada importa, o que importa é que eu estou aqui, e estarei sempre se você me permitir permanecer junto de você para sempre.
- Para sempre! – Bill afirmou enquanto me apertava em seu abraço.
Eu desejava prolongar aquele momento por horas e horas, mas percebi que isso não iria acontecer assim que bateram na porta.
- Sim? – Bill gritou.
- Bill, você tem dois minutos para estar na concentração do palco. Vocês serão os próximos, então se aprece. – David falava contra a porta com a voz abafada.
Bill gemeu de reprovação.
- Melhor eu ir, Samy. Por favor, não saia daqui, me espere! – Bill me ordenava enquanto eu ria.
- Bill, não seja bobo. Eu não vou á nenhum lugar! – Sorri para ele enquanto o beijava pela ultima vez antes dele sair pela porta correndo.
Respirei fundo e olhei em volta.
O camarim de Bill era muito arrumado, tudo estava em ordem. As roupas arrumadas por cores nos cabides, os acessório separados por bandejas, os sapatos separados por cor e tipo nas prateleiras e as maquiagens organizadas.
Aproximei-me da mesa que Bill estava antes para ver o que ele estava vendo na revista.
Havia um degrau pequeno um pouco á frente, o que infelizmente eu não pude notar e acabei prendendo o pé em sua borda e perdendo o equilíbrio, o que me fez cair sobre os cacos de vidro do copo que Bill havia derrubado.
Levantei-me aos poucos ainda tonta com a queda e percebi que o chão estava cheio de sangue. Coloquei-me de pé rapidamente e me olhei no espelho. Eu havia cortado de leve minhas mãos e o canto de minha boca onde escorria muito sangue. Eu realmente era uma tonta. Mais um pouco sozinha, era capaz de eu me matar.
Eu precisava limpar a ferida. Caminhei com cuidado até a porta e a abri me colocando para fora. Escutei uma voz anunciar Tokio Hotel e decidi dar uma espiada neles antes de ir ao banheiro e lavar meus machucados.
Enquanto eu caminhava pelo corredor até os fundos do palco escutei alguém gritar no corredor.
- É ela! A garota maníaca que tentou me bater lá fora!

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