segunda-feira, 25 de abril de 2011

So Closer Cap. 2 - Estranho Perfeito

Minhas espectativas de meu trabalho ser reconhecido estava dando certo. Mas essa proposta era um tanto difícil. Se tornar maquiadora oficial de uma banda era como se casar com a banda toda até seu fim, porque romper contrato dependia de uma boa quantia em dinheiro para isso, e Ebel havia comentado “um de meus garotos de uma banda que sou manager viu seu trabalho no desfile hoje e realmente se encantou”, isso então significava que na banda havia apenas garotos. Seria um pouco complicado para mim, pois adorava fazer arte nos olhos, ousar e abusar de sombras, rimel, lápis e muito preto, eu adorava olhos bem marcados, e em rapazes não teria isso, apenas uma base e pó para cobrir as imperfeições e as vezes um batom cor de boca para evitar o rececamento dos lábios.
Apesar da idéia não me apetitar tanto, era certo eu analisar a proposta amanhã, talvez o contrato fosse tão interessante quanto eu imaginava.
Eu estava exausta, finalmente fui banhar-me e quando voltei, deitei em minha cama. Meus olhos ficaram abertos no nada, eu não conseguia dormir mesmo estando muito cansada.
Levantei-me e fui para meu escritório e sentei-me na mesa. Peguei um papel qualquer branco e o encarei por um tempo.
Meu prazer particular era desenhar. Desde pequena minha mãe dizia que eu deveria ser desenhista, mas nunca dei importancia, eu amava desenhar, mas era algo íntimo, eu desenhava para mim mesma, desenhava apenas para expressar minhas alegrias, medos, amor, ansiedades, tristezas, solidão, desejos, e era só isso que eu queria dar de fim á meus desenhos. Aqueles desenhos eram como a transparência de meu corpo para dar a livre visão á minha alma, cada pedacinho meu estava naqueles esboços, riscos, detalhes e sombreamentos. Tudo tão simplificado e expressado por um simples grafite de um lápis comum.
Fiz um esboço do rosto de Bill. Eu não precisava de nenhuma foto para isso mesmo fazendo algum tempo que eu não o via em fotos, eu conhecia muito bem aquele rosto. Fiz seus lábios abertos mostrando um sorriso único e lindo e seus olhos alegres, assim como eu gostava de ver. Fazia tanto tempo que eu não desenhara mais aquele rosto.
Olhei no relógio e percebi que já eram duas da manhã. Eu poderia dar o acabamento naquele desenho depois, eu precisava dormir.
Direcionei-me até minha cama e deitei novamente, mas agora consegui dormir.
O relógio despertou ás dez da manhã. Acordei com um brilho magnifico do sol invadindo o quarto. O dia estava lindo, exatamente como eu adorava.
Levantei e fui direito tomar um banho e depois fui prepararar um café da manhã reforçado.
Hoje seria um dia de negócios. Eu não podia negar que estava ansiosa. Eu não sabia ainda o que seria certo fazer, a pergunta martelava na minha cabeça, “aceitar ou não aceitar?”.
Procurei algumas fotos de trabalhos meus anteriores para poder mostrar mais além do desfile e os coloquei em uma pasta, junto com meus certificados de formação e profissionalismo na área.
Me arrumei com uma calça jeans escura e uma blusa de seda preta mais formal, e prendi meu cabelo no alto da cabeça, completando meu look com um sapato de salto alto comum. Fiz uma maquiagem simples para o dia e passei um batom neutro.
Já eram uma da tarde, eu precisava correr ou chegaria atrasada, já que o Café Kranzler não ficava muito perto de meu apartamento e nesse horário em plena segunda-feira em Berlin, era repleto de engarrafamentos.
Peguei minha pasta e fui até o estacionamento atrás de meu carro.
Logo eu estava á três quadras do Café Kranzler, parada em pleno farol vermelho com um fila de automóveis que não se movimentava e o tempo passando rapidamente. Quando era uma e quarenta e seis da tarde eu consegui chegar ao local.
Estava pouco movimentado o que era um milagre, e eu dava graças á Deus por ter chegado cedo.
Entrei e sentei-me em uma mesa de canto nos fundos, para ninguém atrapalhar a pequena reunião de negócios.
Olhei no relógio e faltavam dez para ás duas. Será que Ebel era pontual?
Vi pelo canto dos olhos um rapaz muito alto acompanhado de um outro mais baixo, parados na porta do Café conversando. O mais baixo saiu do estabelecimento e o mais alto vinha em minha direção.
Então Ebel era pontual, como eu esperava.
- Senhorita Hildebrand? – O rapaz estava atrás de mim com uma voz aveludada e calma.
Não era a mesma voz que a de Ebel.

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