quinta-feira, 5 de maio de 2011

So Closer Cap. 4 - Despedidas

Fiquei por tempo suficiente ali parada para todas as pessoas em volta me encararem como se eu fosse louca ou algo parecido.
Disfarcei pegando minha pasta e saindo ignorando completamente os olhares indesejados.
Senti meu celular vibrar no bolso da calça.
- Alô? – Atendi já deduzindo quem seria.
- Soph, aonde você está? Liguei como uma louca em sua casa! – Anne falava gritando ao celular, como de costume.
- Tive uma reunião de negócios. Boas notícias, esse é o melhor emprego que eu poderia ser contratada! – Falei sorrindo ao celular enquanto entrava em meu carro e colocava a pasta no porta-luvas.
- Essa é minha garota! Eu preciso de mais detalhes, podemos sair essa noite? – Anne continuava em seu tom de voz normal, elevado.
- Eu acho melhor não, Anne. Devo me preparar para o trabalho de amanhã. – Respondi enquanto ligava o carro.
- Ótimo. Ás nove horas eu estarei em seu apartamento então, junto com Monica. Até mais tarde Soph. – Anne se despediu e logo desligou o telefone sem ao menos me deixar pronunciar uma única palavra. Isso era típico dela.
Anne era minha melhor amiga. Eu havia a conhecido em meus primeiros dias na faculdade. Como eu era a estrangeira da turma, a maioria me olhava como se eu fosse uma atração de circo, mas com Anne foi diferente. Ela havia se aproximado de mim com a maior naturalidade e me carregava á todo lugar que ela se dirigia. Por causa de Anne eu havia conhecido diversas pessoas, hoje meus amigos também, como Klaus, Helene, Hans e Monica. Eles eram a minha família naquela imensa Alemanha.
O transito estava ótimo, ao contrario de antes. Peguei poucos sinais fechados e logo eu estava de volta á meu apartamento.
Eu sentia uma ansiedade tão grande dentro de mim que eu poderia sair saltitando em pleno estacionamento do prédio e colocar para fora todos os gritos que eu havia repreendido naquele momento em que vi Bill Kaulitz em minha frente. Mas tudo que eu fiz foi sorrir para mim mesma como uma completa idiota, sem conseguir acreditar no que havia acontecido.
Caminhei até o elevador com minha pasta nos braços, completamente boba perdida em meus sorrisos difíceis de serem contidos.
Entrei no elevador e apertei o botão do sétimo andar.
O elevador subiu dois andares e parou. Um rapaz entrou nele dividindo o espaço comigo.
- Sophie Hildebrand, certo?! – O rapaz rompeu o silêncio.
- Sim... – Olhei assustada para o rapaz que eu jamais vira em minha vida.
Ele era um jovem rapaz bonito, uma pele muito branca típica alemã, cabelos castanhos lisos e olhos em um bege esverdeado.
- Prazer, meu nome é Dirk Heiselmann. Sou seu vizinho á cinco anos. – Dirk sorriu simpático.
- Prazer senhor Heiselmann. Desculpe-me não ter o notado antes, sabe, não costumo ficar muito em meu apartamento. – Falei retribuindo o sorriso encantador do rapaz.
- Tudo bem, não se preocupe. – Ele deu de ombros e abaixou os olhos, sorrindo ainda.
O elevador parou em nosso andar e eu me direcionei á meu apartamento. Dirk morava exatamente ao meu lado.
- Até mais vizinha. – Dirk brincou antes de entrar em seu apartamento.
Eu apenas sorri para ele e entrei no meu também.
Joguei minha pasta em cima da mesa e encarei o relógio que marcava quatro horas da tarde.
Eu não sabia se deveria pensar em como me vestiria e me arrumaria no amanhã. Não era um encontro, era apenas meu trabalho.
Sentei-me no sofá, imóvel, eu estava perdida em imagens nítidas que se passavam em minha mente, como se eu estivesse revendo a melhor parte de um filme, inúmeras vezes.
Seu sorriso, seus olhos, suas mãos. Tudo, exatamente tudo, era inacreditável. Meu mundo parou naquele momento em que me deparei com ele, e tudo que eu sabia fazer agora era continuar naquele momento.
O telefone tocou.
Levantei-me desnorteada, como se tivesse acabado de acordar de um sono profundo, e corri em direção do telefone o atendendo de imediato.
- Sim? – Atendi ansiosa.
- Senhorita Hildebrand? Boa tarde! Creio que lembre-se de mim. Sou o Benjamin Ebel. – O rapaz da voz profissional ditava uma frase agora com simpatia, sem tanto profissionalismo.
- Boa tarde senhor Ebel! É claro que lembro do senhor. – Sorri enquanto perdia o fôlego de tanta ansiedade.
- Isso é ótimo! Fiquei feliz por Bill ter encontrado uma profissional como você. Ele realmente está animado. – Ebel falava com tanta simpatia que se podia deduzir que ele sorria ao telefone.
- Eu também estou muito animada. Devo agradecer-lo pela incrível proposta. – Falei puxando ar que quase não existia em meus pulmões.
- Não agradeça. – Ele riu – Arrume suas malas, amanhã estaremos indo para Hamburgo. Como você deve ter lido no contrato, você não terá moradia fixa a partir de amanhã, claro, irá estar viajando direto com a banda. Ás nove da manhã mandaremos um dos staffs te buscar para ajudar com as malas. Como dito no contrato, custos extras, como viagens, hospedagens de hotel e entre outros, não serão inclusos em seu salário, é tudo por conta dos managers, ok?! – Ebel fez questão de explicar o que havia no contrato, algo que eu não havia lido por culpa de alguém á minha frente que tirava completamente minha atenção naquele momento.
- Ok. Até amanhã então senhor Ebel. – Falei enquanto respirava fundo.
- Até amanhã senhorita Hildebrand. – Ebel desligou, sem mais.
Olhei em toda a extensão de meu apartamento. Eu iria embora de daquele lugar, amanhã.
Sim, eu iria voltar nas férias talvez, porém era tão triste ter que deixar aquela conquista de meu apartamento próprio. Deixar meus amigos, aqueles que me acolheram quando eu era tão sozinha em outro mundo. Deixar Anne, minha melhor amiga, minha base de tudo naquele novo sonho.
Não era a primeira vez em que eu deixara metade de mim em um lugar para ir atrás de um sonho. De metade em metade, um dia eu iria acabar vazia. Mas, quanto custaria esse sonho? Eu estava decidida pagar para ver.
Peguei minha mala que estava em baixo da cama e a abri.
Aquilo era tudo o que eu queria, mas, era tão receoso ter que deixar tudo novamente para trás.
Comecei a pegar minhas roupas de dentro do guarda-roupa e as colocar dentro da mala.
Horas se passaram enquanto eu arrumava minha mala, quando a campainha tocou.
- Soph! – Anne e Monica me abraçavam histéricamente quando abri a porta.
Elas tinham nas mãos uma caixa de pizza e refrigerantes.
Nos sentamos no sofá da sala para comermos. Era justo eu ter pelo menos aquela noite com elas, já que não iria ver o resto de meus amigos por algum tempo.
- Soph, conte-nos, como é esse novo emprego? – Monica comia uma fatia de pizza.
- Eu vou ir para Hamburgo amanhã... – Comecei pela pior parte e Monica engasgou com a pizza enquanto Anne arregavala os olhos.
- Não! Você não vai! Que tipo de trabalho é esse? É tão bom assim? – Anne levatou-se irritada.
- Anne... é com o Bill Kaulitz! – Falei alto cubrindo a voz de Anne, que no mesmo instante setou-se no sofá me olhando em choque.
- Bill? Como assim? O Bill do Tokio Hotel? Aquele estampado em todos seus desenhos? – Monica desistiu de seu pedaço de pizza e me olhava fixamente agora.
- Sim, ele mesmo. Ele me contratou para ser sua maquiadora. Vou precisar viajar direto com a banda por conta disso. O salário é bom, mas isso é de menos, o importante é com quem vou trabalhar. – Parei de falar e Anne e Monica não hesitaram em dizer mais nada. – Me dói ter que deixar vocês, ter que deixar tudo isso... – Continuei e Anne me interrompeu.
- Mas você deve ir. Voce terá férias também, certo?! Poderá voltar para nos ver, mas você tem que ir. Nunca mais em sua vida você terá outra chance como essa, se é que você me entende. – Anne falava e Monica apenas concordava com a cabeça.
- Eu sei. Vou sentir a falta de vocês. – Senti meus olhos mergulharem em lágrimas e ambas me abraçaram também em lágrimas.

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