Capítulo contado por Bill Kaulitz.
Uma brisa quente soprava pela janela e o sol tímido invadia o quarto, eu podia sentir-lo focar em meu rosto, e o ar puro com o aroma campestre era completamente relaxante.
Como era bom estar em casa. Eu sentia saudades de tudo aquilo. Por mais que ali fosse minha moradia, eu a freqüentava muito raramente, e às vezes me sentia como alguém sem habitação.
Mas, o que tornava ainda mais prazeroso em estar em minha casa, era a presença de minha ilustre namorada, brevemente minha noiva e então... esposa.
Eu sabia que quando abrisse os olhos ela estaria debruçada sobre a cama me fitando com seus doces olhos azuis vibrantes, como costumava fazer. Às vezes fico me perguntando por quanto tempo ela fica ali me observando enquanto durmo.
Sorri para mim mesmo.
Eu gostava disso. Da mesma forma que eu gostava de às vezes fazer o mesmo quando acordava antes que ela. Mas nada è comparado a ver-la acordada, e poder ver aqueles olhos me fitando. Era como se minhas forças fossem recarregadas á partir daqueles olhos.
Espreguicei-me e senti minha cabeça doer. Obviamente era reação á meu exagero na bebida noite passada.
Eu realmente não queria pensar na noite passada.
Abri meus olhos esperando ver Samy acordada ao meu lado, mas ela não estava. Ainda dormia profundamente.
Olhei no relógio e marcava meio dia, iríamos nos atrasar para a volta à Hamburgo.
- Samy, hora de acordar. – Beijei seu rosto enquanto falava, mas ela não reagiu, continuou dormindo profundamente como antes.
- Samy, acorde! – Falei um pouco mais alto enquanto balançava seu braço, e novamente ela não fez nenhum movimento.
Eu estava começando a ficar preocupado, ela não tinha um sono tão pesado assim.
- Samy! Pare de brincadeira, acorde! Isso não tem graça. – Falei enquanto sentava na cama, e ela continuou imóvel.
Puxei o edredom que a cobria e me deparei com o lençol da cama em sua volta todo vermelho em sangue.
Senti que iria morrer naquele exato momento, senti meu coração parar e voltar a bater como se fosse pular para fora de meu peito. O que havia acontecido? Ela não podia estar... morta... Não!
- Mãe! Mãe! Meu deus, Mãe! – Comecei a gritar desesperadamente por minha mãe, mas ela não respondia.
Coloquei qualquer roupa que vi pela frente e peguei Samy em meu colo. Ela parecia uma boneca de pano em meus braços, com o corpo completamente mole. Senti as lagrimas escorrerem pelo meu rosto incessavelmente.
- Ela está bem, ela está bem! – Eu repitia para mim mesmo me fazendo acreditar, mas era impossível.
Corri escada à baixo com Samy em meus braços e me deparei com minha mãe vindo em minha direção com os olhos assustados.
- Meu deus! O que aconteceu? – Ela olhava para Samy sem saber o que fazer.
- Eu não sei mãe! Temos que ir para o hospital, agora! – Eu gritava de desespero enquanto corria para fora da casa em direção de meu carro.
- Bill, espere! Vou ligar para a emergência! Você não esta em condições de dirigir! – Mamãe gritou da porta, mas eu não dei ouvido.
Eu não iria esperar por ambulância nenhuma enquanto o amor da minha vida morria em meus braços.
Sentei Samy no banco do carona e passei o cinto por ela, logo depois me sentei no banco do motorista e liguei o carro às pressas.
Acelerei o carro pela estrada, eu não sabia se estava acima da velocidade ou não, eu não ligava, eu apenas queria chegar logo ao hospital, eu apenas queria salvar Samy.
As lagrimas embaçavam meus olhos, mas era impossível de conte-las. Eu desviava dos carros que apareciam pela frente e podia ouvir diversas buzinas revoltadas ficando para trás e xingamentos que eu não me importava em saber quais eram.
Avistei um hospital logo à frente e parei o carro em tamanho desespero que mal pude tirar direito a chave da ignição.
Peguei Samy no colo e corri para dentro do hospital indo em direção da primeira atendente que me apareceu na frente.
- Por favor! Atenda ela agora! – Me faltou o fôlego ao falar, mas ela pode me entender.
- Você não é Bill Kaulitz? – Ela me olhou curiosa.
- Dane-se quem eu sou, apenas quero que salve minha namorada! – Gritei irritado com a demora e todos que estavam no hospital me olharam. De imediato vieram duas enfermeiras com uma maca e a colocaram deitada sobre ela e seguiram por um corredor. Eu as segui e apenas podia ouvir-las dizendo “Ela perdeu muito sangue” enquanto ligavam os aparelhos nela á caminho da sala de emergência.
Elas entraram na sala e escutei dizerem “Está sem pulso”.
Agora sim senti meu mundo desabar.
Corri para a porta, mas a fecharam antes mesmo que eu entrasse.
Eu já não podia sentir mais nenhum músculo de meu corpo, eu estava acabado.
Bati desesperado na porta para que abrissem para mim, mas não abriram.
- Samy não me deixe! Não me deixe! Você prometeu que nunca iria me deixar! – Continuei batendo na porta desesperadamente e podia senti as lagrima pingarem em minha blusa.
Foi quando me puxaram para longe da porta.
- Mano, pare com isso! Se acalme! Ela vai ficar bem, seja positivo! – Tom, havia me puxado para fora daquele corredor. Provavelmente mamãe havia ligado para ele vir.
- Ela estava sem pulso Tom... Você tem noção do que será minha vida sem ela? Eu não terei mais vida, eu não conseguirei viver mais sem ela! E nosso filho... nosso filho. Não, eu não sobreviverei á isso. – Encostei-me na parede e escorreguei até o chão me sentando.
- Você não vai viver sem ela! Pare de ser tão pessimista! – Tom se agachou ao meu lado enquanto falava com a voz irritada.
Tom era como uma parte de mim, e ninguém melhor do que eu sabia que Tom mostrava-se irritado para não demonstrar sensibilidade. Ele também estava preocupado, ele realmente adorava a Samy, mas pela primeira vez eu o via sendo positivo e bronqueando meu pessimismo.
- Não irei mesmo. – Falei por fim e Tom me olhou com um ar de reprovação.
Passamos horas ali sentados, enquanto chegavam Georg, Gustav, David e Mamãe. Nenhum deles procurou dizer nada, permaneceram calados enquanto eu me sentia corroer por dentro, enquanto eu sentia a vida ir embora do meu corpo a cada segundo. Eu já podia sentir um vazio enorme dentro mim, como se tivesse um buraco enorme.
Hora eu sentia que tudo iria dar certo, que Samy ficaria bem, e nosso filho também, hora eu sentia que tudo daria errado e perderia as duas razões da minha vida agora.
- Não me deixe Samy. Por favor, não me deixe. – Eu dizia baixinho enquanto abaixava minha cabeça sobre meus joelhos. Tom permanecia do meu lado afagando agora minhas costas.
Vi pelo canto dos olhos algo brilhar no chão e levantei a cabeça para ver o que era.
Era o colar que eu havia dado para Samy. O colar que ela jamais tirava do pescoço e que diversas vezes eu a via segurando entre os dedos e lendo as palavras cravadas nele, como se quisesse ter certeza que era aquilo mesmo que estava ali escrito.
Era um colar tão simples, mas que parecia ter grande valor para ela. E isso me alegrava.
Peguei o colar e o segurei com força na palma de minha mão. Provavelmente ele havia caído enquanto ela era carregada para a sala de emergência.
Mamãe me olhava com um ar de sofrimento, e Tom às vezes encontrava o olhar dela e ficavam por um longo tempo, conversando apenas por olhares. Eu realmente não queria saber o conteúdo da conversa deles.
Todos então voltaram a atenção para a sala de emergência, quando um medico alto, loiro pálido veio em nossa direção.
Levantei-me no mesmo instante com uma esperança misturada com medo, crescendo dentro de mim.
- Senhor Kaulitz, eu tenho noticias sobre Samantha. – O medico me olhou com pesar.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
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