Não havia absolutamente nada que eu podia fazer agora, apenas voltar ao Brasil e dar tempo ao tempo, por mais que isso causasse certo medo dentro de mim.
Sai do aeroporto aos prantos, desejando poder voltar no tempo, ou até mesmo deixado que Mike me levasse, seria um bom castigo para mim.
Nanda estava na porta do aeroporto com as mãos tremulas pousada sobre seu rosto retorcido em uma expressão de preocupação.
- Nunca mais faça isso! Eu pensei que nós tínhamos te perdido no tiroteio que teve na avenida. – Nanda falava soluçando.
- Deveriam mesmo. – Respondi passando reto por ela.
- Aonde você vai? Daqui uma hora pegaremos vôo. Pare de drama! – Nanda me repreendeu.
Ela não sabia o que havia acontecido realmente, ela não fazia a mínima idéia do quanto me doía tudo aquilo.
- Para onde mais eu poderia ir? – Parei e me sentei na calçada enquanto me afogava em lagrimas.
- Você fez isso pelo bem de vocês dois, não foi?! Não foi errado. Pare de se culpar, ele te ama, ele vai te perdoar. – Nanda colocou a mão sobre meu ombro tentando me consolar, mas era em vão. Eu não podia enganar o medo que sentia dentro de mim. Eu não era a privilegiada da história, se Bill quisesse uma nova namorada, noiva, esposa, o que fosse, ele apenas estalaria os dedos e apareceria a garota mais bela do mundo em sua frente, e eu havia tido uma única chance de poder viver e morrer ao lado de quem eu mais amava no mundo, mas minhas chances sempre foram delicadas, e eu estraguei tudo. Por mais que Bill me amasse, quem poderia me garantir que ele voltaria para mim agora? Ninguém.
Rendi-me aos pedidos de Nanda e entramos no aeroporto para comermos algo antes de seguir viajem. Eu não consegui pronunciar uma palavra que fosse, eu não sentia fome mas Nanda me obrigou á engolir a comida, e a imagem de Bill na janela do avião me assombrava.
Passaram-se uma hora e embarcamos no avião para o Brasil. Doía-me ver a Alemanha ficando para trás, todo o meu sonho abandonado, minha nova família, meu novo lar, tudo ficava distante agora... muito distante.
(...)
- Samy, você vai se atrasar para a aula! – Nanda gritava meu nome pela casa.
Acordei assustada e olhei no relógio. Faltavam dez para ás sete da manhã, eu estava atrasada.
Levantei ás pressas para me arrumar. Prendi meu cabelo e coloquei a mala no ombro esquerdo e fui em direção da cômoda quando me deparei com o colar.
Já havia se passado um mês e meio, e nunca mais havia ouvido falar sobre Bill. Ele nunca havia me ligado, nem mesmo mandado uma carta. Eu não tinha mais esperanças, pensar em Bill agora era algo delicado para mim, eu era obrigada a aceitar essa nossa distancia, pois tudo havia sido culpa minha. Eu apenas procurava não pensar, aquilo causava uma dor infinita dentro de mim, algo incurável, insuportável, uma saudade tão profunda de cada detalhe que chegava á me anestesiar só de lembrar algum toque dele. Meu único motivo de seguir em frente hoje seria minha filha crescendo dentro de mim. Sim, era uma menina, saudável e provavelmente linda. Nanda havia ido ao médico comigo começar meu pré-natal, e confesso que não existia algo mais emocionante que escutar o coração de minha filha batendo forte e alto na aparelhagem. Eu queria tanto que Bill estivesse lá naquele momento.
Voltei meus olhos para minha mão, o anel ainda estava intacto em meu dedo. Durante todo esse tempo eu sempre procurei não olhar-lo, mas também não o tirava de meu dedo para absolutamente nada. Será que Bill pensava em mim ainda?
- Samy! – Nanda gritou novamente.
Peguei o colar e o coloquei no pescoço, depois de um mês e meio com a falta dele em meu pescoço, e corri para fora da casa.
- É sua ultima semana no supletivo e você ainda chega atrasada! – Nanda me bronqueava.
- Por isso mesmo, a boa aluna também tem que ter seus dias de má aluna. – Brinquei.
O ônibus não demorou á chegar. Nanda havia conseguido recuperar seu trabalho de antes e eu estava terminando o supletivo e trabalhando á noite como secretária. Conseguíamos uma renda de um salário mínimo, mas estávamos felizes com nossos salários. Nanda trabalhava um ponto antes de minha escola, por isso íamos todos os dias juntas. Sentamos no banco do fundo do ônibus e Nanda me passou um papel dobrado.
- O que é isso? – Perguntei com ironia, e ela deu um leve sorriso no canto dos lábios.
- Abra. – Nanda repreendeu um sorriso largo.
Abri e havia vários números anotados.
- Que números são esses? – Perguntei sem entender.
- Tom me ligou ontem. Esse é numero do telefone do quarto de Bill. – Nanda abriu o sorriso antes repreendido.
- Porque eu ligaria? – Amassei o papel e o joguei no chão do ônibus.
Nanda me olhou com as sobrancelhas unidas e se levantou para descer em seu ponto.
- Você deveria deixar de ser tão burra e perceber que Bill não te ligou até hoje porque você destruiu seu celular na janela do avião. – Nanda disse por fim e saiu do ônibus.
Senti um choque percorrer por todo meu corpo. Levantei para procurar o papel, mas eu havia o perdido.
O ônibus parou em meu ponto, mas eu ignorei, eu precisava encontrar aquele papel. Abaixei-me no corredor do ônibus olhando embaixo dos bancos. O cobrador me olhava com curiosidade.
- Algum problema, garota? - Ele me interrompeu.
- Eu perdi um papel muito importante, eu preciso encontrar-lo. – Disse gaguejando de desespero.
O cobrado deu de ombros e me ignorou.
Continuei procurando até o ônibus parar em seu ponto final. Eu já havia vasculhado o ônibus inteiro e não havia encontrado absolutamente nada. Provavelmente ele havia voado para fora em uma das vezes que a porta se abrira.
Sentei no banco dos fundos e comecei a chorar com soluços altos sozinha naquele ônibus, até meu celular tocar.
Olhei no visor, o numero era desconhecido, diminuindo ainda mais a minha vontade de atender, mas atendi por fim.
- Alô? – Engoli os soluços.
A pessoa que estava na linha permaneceu muda.
- Você me liga e me faz perder meu tempo atendendo para ficar mudo? – Perguntei com ignorância.
- Eu apenas precisava ouvir a sua voz. – Uma voz masculina e doce recitava cada palavra como se as cantasse em uma leveza angelical de uma brisa fresca de verão.
sábado, 27 de novembro de 2010
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Para sempre você - cap. 91
Não importava agora o que eu havia dito, já estava feito agora, tudo que eu precisava era sair daquela casa antes que atrapalhasse mais ainda os planos de todos.
Tom, Georg, Gustav e David não estavam mais na sala de jantar. A casa parecia vazia, o que me ajudava nesse momento.
Peguei meu celular no bolso e disquei sem pensar duas vezes para Nanda que não demorou ao atender.
- Samy? Como você está? – Nanda esbanjava alegria.
- Não importa. Pode me buscar agora na avenida? Depois conversamos. – Fui o mais direta que pude.
- O Bill irá junto? – Nanda diminuiu seu tom de excitação para um preocupado.
- Não. Apenas venha me buscar. – Finalizei e desliguei o celular.
Caminhei até a porta e saí dando uma ultima olhada na enorme casa que foi o maior lar de meus sonhos.
A avenida já estava escura, as arvores tampavam os raios do sol que já sumia ao horizonte.
Sentia-me vazia, sentia que depois de tudo, agora permaneceria vazia para sempre.
Caminhei na avenida, o vendo gélido me fazia tremer e já me fazia sentir falta dos braços calorosos de Bill me envolvendo para me proteger do frio. Será que eu estava fazendo a coisa certa? Será que esse seria o melhor caminho? Já estava começando a me arrepender, mas eu não podia, não tinha escolha, pelo menos era o que parecia.
Um taxi vinha ao longe e se aproximava cada vez mais de mim até parar ao meu lado.
- Entre Samy. – Nanda abriu a porta com uma expressão séria que logo se derreteu ao ver meus olhos já mergulhando em lagrimas. – Por favor, me conte o que aconteceu. – Nanda suplicou enquanto seguíamos rumo ao seu hotel.
- Eu não podia deixar Bill desistir de uma turnê apenas por minha causa. Eu não quero interferir nesse seu sonho, eu não quero privar-lo do que ama. Eu preciso voltar ao Brasil com você Nanda. – Falei enquanto deixava minhas lagrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Sinto em lhe dizer, mas você está privando ele do que ama agindo dessa forma também. Você está privando ele de você. – Nanda me abraçou tentando me consolar.
- Eu voltaria depois da turnê, era apenas até a turnê acabar, mas... ele nunca mais irá me perdoar, eu o magoei, eu sei disso. Eu tive que mentir, ele nunca me deixaria ir, e apenas me restou mentir. – Enterrei o rosto em seu ombro e ela me abraçou mais forte ainda.
- Por maior que seja a magoa, quem ama nunca esquece. – Nanda continuava me abraçando.
Chegamos ao seu hotel e já estava escuro por completo, a noite caia linda e estrelada do lado de fora, assim como nas maldivas, me fazendo lembrar-se de momentos que daria qualquer coisa para nunca serem perdidos em minha mente e me deixar lembrar exatamente de como era o sabor, o cheiro, o calor e o toque.
A noite foi longa, eu não conseguia dormir, eu queria voltar, apenas isso. Mas já estava feito, Nanda havia se encarregado de comprar passagens para o dia seguinte, a decisão havia sido minha, para não me dar tempo de voltar atrás.
Já eram quatro da manhã, e meus olhos estavam fixos no teto do quarto. O que era uma noite de sono sem ter-lo ao meu lado? Sem ter seu braço me envolvendo, sem seu peito como meu travesseiro e principalmente sem minha cantiga de ninar favorita, as batidas de seu coração. Sentia-me morta.
Eram cinco da manhã quando meu celular tocou. Hesitei em atender, mas não era o celular de Bill nem algum numero que eu conhecia.
- Alô? – Atendi com um pouco de receio.
- Samy, eu entendo o porquê que você fez isso, não precisa de explicações. Mas me ouça, depois do que aconteceu, Bill decidiu marcar o vôo para hoje. Ele não acredita em minhas palavras, ele está inconsolável, eu não sei o que fazer. Apenas lhe peço que apareça hoje no aeroporto, nem que seja apenas para mostrar que era tudo mentira. Já está marcado o vôo, não terá como ele voltar atrás. – Georg sussurrava ao celular.
Lagrimas quentes escorriam pelo meu rosto, Georg estava certo, ele não poderia voltar atrás, essa era minha única chance de conseguir seu perdão.
- Á que horas será o vôo? – Perguntei entre soluços.
- Já estamos á caminho. Por favor Samy, apareça. – Georg sussurrou mais uma vez e desligou.
Peguei um casaco de Nanda e atravessei o quarto sem fazer ruídos, saindo do quarto e indo até a rua.
Já havia um taxi estacionado á frente do hotel. Cruzei os dedos para que ele falasse inglês e entrei.
- Por favor, me leve até o aeroporto. – Pedi.
O rapaz encapuzado que estava no banco do motorista assentiu logo depois que me sentei no banco de trás, e ligou o carro indo estrada á dentro.
Meus olhos não desgrudavam da janela, eu precisava chegar o mais rápido possível.
- Decidiu voltar ao Brasil querida Samantha? – Uma voz rude cortou o silencio. Eu conhecia aquela voz muito bem.
- Mike? – Senti meu corpo todo congelar. O motorista era Mike, como eu não pude perceber?
- Sim. Estava com saudades? – Mike riu.
- Mike, por favor, pela sua mulher e seu filho, me deixe sair. Eu não estou mais namorando com o Bill, está satisfeito? Apenas preciso pegar um avião urgente para a Argentina. – Menti.
Mike riu enquanto parava em um farol com sinal vermelho. Eu precisava sair daquele carro.
Mike se distraiu enquanto pegava um maço de cigarros no porta luvas, e então consegui abrir a porta do carro e correr para a avenida. Escutei barulho de tiros, me abaixei imediatamente e me escondi atrás de outro carro.
Eu sentia meu coração pulsar aceleradamente, agora minha vida estava prestes a acabar á qualquer segundo. Tudo estava errado, eu devia ter aceitado a decisão de Bill, eu devia ter sido compreensiva, eu devia ter tentado conversar com ele, mas não, eu havia escolhido o caminho errado.
Os tiros continuavam, apenas fechei meus olhos e desejei que tudo acabasse rápido, mas senti alguém me puxar pelo braço.
- Por favor, venha comigo. – Um senhor de cabelos brancos tentava me levantar e colocar dentro de seu carro, no qual eu estava escondida. Eu o obedeci e entrei imediatamente. Mike continuava atirando, mas para os arbustos, ele não havia me visto dentro do carro.
O senhor ligou o carro e saiu o mais rápido possível da avenida.
- Obrigada. – Agradeci enquanto recuperada as batidas normais de meu coração.
- Não agradeça, era meu dever salvar-la. Meu nome é Louis. – Ele sorria.
- Louis, você poderia me levar até o aeroporto? – Pedi enquanto passava as mãos tremulas pela minha barriga, tentando de alguma forma inútil saber se meu filho estava bem.
Louis assentiu e logo estávamos no aeroporto.
- Obrigada novamente e... meu nome é Samantha! – Sorri para ele quanto saia do carro e corria para dentro do aeroporto.
Eu não os encontrava em nenhum lugar. O desespero tomava conta de mim á cada segundo mais, até que decidi perguntar para um dos seguranças do portão da pista de vôo.
- O vôo está quase saindo. – Ele me respondeu seriamente.
Eu não podia deixar. Passei pelos seguranças correndo e eles me seguiram pela pista. O avião estava pronto para decolar.
- Bill! Bill! Bill! – Eu gritava sem sucesso enquanto corria em direção do avião.
Eu podia ver Tom na janela, Gustav á sua frente e Bill isolado á duas janelas á frente.
Continuei gritando, mas nenhum deles conseguia me escutar. Então peguei meu celular e disquei o numero de Bill. Ele olhou o celular, mas não atendeu. Os guardas então me alcançaram, eu não tinha nenhuma escolha agora, arremessei meu celular na janela de Bill e ele olhou imediatamente. Seus olhos eram de espanto, ele se levantou imediatamente enquanto batia na janela para que me soltassem, mas não adiantou. Todos olharam também, e foram em direção da sala do piloto, mas já era tarde demais, o avião entrou em movimento.
Eu não podia fazer mais nada, apenas deixar que me levassem enquanto eu observava o avião decolar e a razão de minha vida sumir naquele enorme céu alaranjado do nascer do sol.
Tom, Georg, Gustav e David não estavam mais na sala de jantar. A casa parecia vazia, o que me ajudava nesse momento.
Peguei meu celular no bolso e disquei sem pensar duas vezes para Nanda que não demorou ao atender.
- Samy? Como você está? – Nanda esbanjava alegria.
- Não importa. Pode me buscar agora na avenida? Depois conversamos. – Fui o mais direta que pude.
- O Bill irá junto? – Nanda diminuiu seu tom de excitação para um preocupado.
- Não. Apenas venha me buscar. – Finalizei e desliguei o celular.
Caminhei até a porta e saí dando uma ultima olhada na enorme casa que foi o maior lar de meus sonhos.
A avenida já estava escura, as arvores tampavam os raios do sol que já sumia ao horizonte.
Sentia-me vazia, sentia que depois de tudo, agora permaneceria vazia para sempre.
Caminhei na avenida, o vendo gélido me fazia tremer e já me fazia sentir falta dos braços calorosos de Bill me envolvendo para me proteger do frio. Será que eu estava fazendo a coisa certa? Será que esse seria o melhor caminho? Já estava começando a me arrepender, mas eu não podia, não tinha escolha, pelo menos era o que parecia.
Um taxi vinha ao longe e se aproximava cada vez mais de mim até parar ao meu lado.
- Entre Samy. – Nanda abriu a porta com uma expressão séria que logo se derreteu ao ver meus olhos já mergulhando em lagrimas. – Por favor, me conte o que aconteceu. – Nanda suplicou enquanto seguíamos rumo ao seu hotel.
- Eu não podia deixar Bill desistir de uma turnê apenas por minha causa. Eu não quero interferir nesse seu sonho, eu não quero privar-lo do que ama. Eu preciso voltar ao Brasil com você Nanda. – Falei enquanto deixava minhas lagrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Sinto em lhe dizer, mas você está privando ele do que ama agindo dessa forma também. Você está privando ele de você. – Nanda me abraçou tentando me consolar.
- Eu voltaria depois da turnê, era apenas até a turnê acabar, mas... ele nunca mais irá me perdoar, eu o magoei, eu sei disso. Eu tive que mentir, ele nunca me deixaria ir, e apenas me restou mentir. – Enterrei o rosto em seu ombro e ela me abraçou mais forte ainda.
- Por maior que seja a magoa, quem ama nunca esquece. – Nanda continuava me abraçando.
Chegamos ao seu hotel e já estava escuro por completo, a noite caia linda e estrelada do lado de fora, assim como nas maldivas, me fazendo lembrar-se de momentos que daria qualquer coisa para nunca serem perdidos em minha mente e me deixar lembrar exatamente de como era o sabor, o cheiro, o calor e o toque.
A noite foi longa, eu não conseguia dormir, eu queria voltar, apenas isso. Mas já estava feito, Nanda havia se encarregado de comprar passagens para o dia seguinte, a decisão havia sido minha, para não me dar tempo de voltar atrás.
Já eram quatro da manhã, e meus olhos estavam fixos no teto do quarto. O que era uma noite de sono sem ter-lo ao meu lado? Sem ter seu braço me envolvendo, sem seu peito como meu travesseiro e principalmente sem minha cantiga de ninar favorita, as batidas de seu coração. Sentia-me morta.
Eram cinco da manhã quando meu celular tocou. Hesitei em atender, mas não era o celular de Bill nem algum numero que eu conhecia.
- Alô? – Atendi com um pouco de receio.
- Samy, eu entendo o porquê que você fez isso, não precisa de explicações. Mas me ouça, depois do que aconteceu, Bill decidiu marcar o vôo para hoje. Ele não acredita em minhas palavras, ele está inconsolável, eu não sei o que fazer. Apenas lhe peço que apareça hoje no aeroporto, nem que seja apenas para mostrar que era tudo mentira. Já está marcado o vôo, não terá como ele voltar atrás. – Georg sussurrava ao celular.
Lagrimas quentes escorriam pelo meu rosto, Georg estava certo, ele não poderia voltar atrás, essa era minha única chance de conseguir seu perdão.
- Á que horas será o vôo? – Perguntei entre soluços.
- Já estamos á caminho. Por favor Samy, apareça. – Georg sussurrou mais uma vez e desligou.
Peguei um casaco de Nanda e atravessei o quarto sem fazer ruídos, saindo do quarto e indo até a rua.
Já havia um taxi estacionado á frente do hotel. Cruzei os dedos para que ele falasse inglês e entrei.
- Por favor, me leve até o aeroporto. – Pedi.
O rapaz encapuzado que estava no banco do motorista assentiu logo depois que me sentei no banco de trás, e ligou o carro indo estrada á dentro.
Meus olhos não desgrudavam da janela, eu precisava chegar o mais rápido possível.
- Decidiu voltar ao Brasil querida Samantha? – Uma voz rude cortou o silencio. Eu conhecia aquela voz muito bem.
- Mike? – Senti meu corpo todo congelar. O motorista era Mike, como eu não pude perceber?
- Sim. Estava com saudades? – Mike riu.
- Mike, por favor, pela sua mulher e seu filho, me deixe sair. Eu não estou mais namorando com o Bill, está satisfeito? Apenas preciso pegar um avião urgente para a Argentina. – Menti.
Mike riu enquanto parava em um farol com sinal vermelho. Eu precisava sair daquele carro.
Mike se distraiu enquanto pegava um maço de cigarros no porta luvas, e então consegui abrir a porta do carro e correr para a avenida. Escutei barulho de tiros, me abaixei imediatamente e me escondi atrás de outro carro.
Eu sentia meu coração pulsar aceleradamente, agora minha vida estava prestes a acabar á qualquer segundo. Tudo estava errado, eu devia ter aceitado a decisão de Bill, eu devia ter sido compreensiva, eu devia ter tentado conversar com ele, mas não, eu havia escolhido o caminho errado.
Os tiros continuavam, apenas fechei meus olhos e desejei que tudo acabasse rápido, mas senti alguém me puxar pelo braço.
- Por favor, venha comigo. – Um senhor de cabelos brancos tentava me levantar e colocar dentro de seu carro, no qual eu estava escondida. Eu o obedeci e entrei imediatamente. Mike continuava atirando, mas para os arbustos, ele não havia me visto dentro do carro.
O senhor ligou o carro e saiu o mais rápido possível da avenida.
- Obrigada. – Agradeci enquanto recuperada as batidas normais de meu coração.
- Não agradeça, era meu dever salvar-la. Meu nome é Louis. – Ele sorria.
- Louis, você poderia me levar até o aeroporto? – Pedi enquanto passava as mãos tremulas pela minha barriga, tentando de alguma forma inútil saber se meu filho estava bem.
Louis assentiu e logo estávamos no aeroporto.
- Obrigada novamente e... meu nome é Samantha! – Sorri para ele quanto saia do carro e corria para dentro do aeroporto.
Eu não os encontrava em nenhum lugar. O desespero tomava conta de mim á cada segundo mais, até que decidi perguntar para um dos seguranças do portão da pista de vôo.
- O vôo está quase saindo. – Ele me respondeu seriamente.
Eu não podia deixar. Passei pelos seguranças correndo e eles me seguiram pela pista. O avião estava pronto para decolar.
- Bill! Bill! Bill! – Eu gritava sem sucesso enquanto corria em direção do avião.
Eu podia ver Tom na janela, Gustav á sua frente e Bill isolado á duas janelas á frente.
Continuei gritando, mas nenhum deles conseguia me escutar. Então peguei meu celular e disquei o numero de Bill. Ele olhou o celular, mas não atendeu. Os guardas então me alcançaram, eu não tinha nenhuma escolha agora, arremessei meu celular na janela de Bill e ele olhou imediatamente. Seus olhos eram de espanto, ele se levantou imediatamente enquanto batia na janela para que me soltassem, mas não adiantou. Todos olharam também, e foram em direção da sala do piloto, mas já era tarde demais, o avião entrou em movimento.
Eu não podia fazer mais nada, apenas deixar que me levassem enquanto eu observava o avião decolar e a razão de minha vida sumir naquele enorme céu alaranjado do nascer do sol.
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